Números
Serviços em queda, mas empregos mantidos
Responsável por 70% da economia pelotense, junto ao comércio, setor registrou em maio maior retração desde 2011
Jô Folha -
A empresária Rirana Borba assumiu o salão de beleza RB Hair há dez meses. Desde então, o estabelecimento acompanhou a economia nacional e registrou retração atrás de retração. É que o volume do setor de serviços tem caído desde 2014 de forma intensa. De acordo com levantamento do IBGE, entre maio de 2017 e maio de 2018, a queda foi de 3,8%. Mesma regressão registrada entre abril e maio de 2018. Fortemente influenciada pela greve dos caminhoneiros, este número é o mais intensamente negativo desde 2011.
No acumulado de maio de 2017 a maio de 2018, o setor de Outros Serviços Prestados às Famílias, no qual está inserido o estabelecimento de Rirana, sofreu retração de 5,1%. Junto dele, apresentaram os piores resultados o transporte aéreo (-15,1%), serviços técnico-profissionais (-5,7%) e audiovisual (-6%). No acumulado dos cinco primeiros meses do atual ano, as telecomunicações se destacam negativamente, com queda de 5,3%.
Greve dos caminhoneiros contribuiu
Maio foi, dentre os meses de 2018, o que apresentou índices mais profundos de queda no ramo de serviços. Somados todos eles, o recuo foi de 3,8% em relação a abril - o resultado mais negativo da série histórica iniciada em 2011. De acordo com o economista do Escritório de Desenvolvimento Regional (EDR) da Universidade Católica de Pelotas, Tiago Nunes, as greves que ocorreram no período ajudam a explicar os números. Os funcionários dos Correios paralisaram atividades entre março e abril, o que obrigou a população a buscar prestadores auxiliares à estatal. Com o fim do movimento, houve natural queda na procura por tais empresas.
O caso mais emblemático, entretanto, é o da greve dos caminhoneiros, que, afora o mérito da questão, trancou o Brasil durante os últimos dez dias de maio. A paralisação ocasionou dificuldade no escoamento de produtos, resultando em aumento de preços. "Os serviços são compostos por diversas subdivisões. E toda a matéria-prima e a estrutura básica para trabalhar foram afetadas pelo desabastecimento", explica.
Também economista do EDR, Ezequiel Megiato salienta que os serviços, por serem altamente dependentes da renda das pessoas, são os primeiros a sentirem o impacto da diminuição no consumo e, em uma cidade em que o setor, junto ao comércio, representa 70% da economia, o impacto é ainda maior.
No que tange à geração de empregos, índice importantíssimo para analisar a economia, por representar aumento ou diminuição do poder consumidor, 2018 tem sido relativamente bom nos serviços em Pelotas. O saldo, até o momento, é de 123 novas vagas. Porém, somadas com as 117 geradas no ano passado, a cidade ainda não se recuperou do caos político que culminou em 976 postos de trabalho fechados entre 2015 e 2016 no setor.
Não se abalar
Rirara, do RB Hair, por exemplo, não optou pelas demissões. Promoções aos montes, panfletagem nas ruas e escolha por funcionárias que já tragam uma clientela fiel foi a estratégia para manter as contas no azul. Dessa forma, ela seguiu empregando nove pessoas. Também assim, ela vê o negócio finalmente dar indícios de melhoras. "Do ano passado para cá nosso volume de trabalho diminuiu entre 40% e 50%. Mas nos últimos dois meses temos conseguido nos recuperar", comemora.
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